Atitude Empreendedora: Uma competência estratégica ao profissional de treinamento e desenvolvimento.

Atitude Empreendedora: Uma competência estratégica ao profissional de treinamento e desenvolvimento.

Por Paula Souza

    Diante de um cenário empresarial extremamente acirrado, possuir a competência “atitude empreendedora” se torna uma estratégia inteligente ao profissional de Treinamento e Desenvolvimento. A busca por pessoas que estejam atualizadas, motivadas, que fujam do comodismo, que contribuam para o desenvolvimento de processos e que focalizam a mudança de comportamento do indivíduo, serão fortes indicadores para estes profissionais de T&D competirem no segmento de Recursos Humanos, utilizando-se de um forte diferencial competitivo.

    O objetivo deste artigo é apresentar ao leitor as diferenças entre ser empreendedor e intra-empreendedor, e como as atitudes de ambos podem tornar-se um diferencial estratégico a este profissional de treinamento e desenvolvimento.

“Ser um empreendedor é muito mais que ter vontade de chegar ao topo de uma montanha; é conhecer a montanha e o tamanho do desafio; planejar cada detalhe da subida, saber o que você precisa levar e quais ferramentas utilizar; encontrar a melhor trilha, estar comprometido com o resultado, ser persistente, calcular os riscos, preparar-se fisicamente; acreditar na sua própria capacidade e começar a escalada”.

Aprender a Aprender. Programa Brasil Empreendedor

    O termo empreendedor é derivado da palavra francesa entrepreneur, usada pela primeira vez em 1725, pelo economista irlandês Richard Cantillon, reconhecido por muitos historiadores como o grande teórico da economia. A definição dada por ele ao “entrepreneur é o indivíduo que assume riscos.”

    Para melhor entendimento do conceito empreendedorismo, são apresentados mais dois autores que sabiamente definem esta personalidade no atual cenário empresarial.

    Barreto (1998), que define empreendedorismo como a habilidade de se conceber e estabelecer algo partindo de muito pouco ou quase nada. Pelo fato de considerar o empreendedorismo como um comportamento ou processo voltado para a criação e desenvolvimento de um negócio que trará resultados positivos, o autor não relaciona esta capacidade a uma característica de personalidade. Para ele, empreender é conseguir criar valor através do desenvolvimento de uma empresa.

    Já para Drucker (1987), o empreendedor é aquele que cria algo novo, algo diferente, é aquele que muda ou transforma “valores” e, ainda, pratica a inovação sistematicamente, buscando fontes de inovação e criando oportunidades.

    Percebidamente cresce a preocupação das empresas em conseguir desenvolver seus colaboradores, dando-lhes oportunidades para que suas idéias se realizem. Atualmente este é considerado um dos grandes desafios no mundo empresarial.

    Desta forma, o intra-empreendedorismo que é considerado um método eficiente, justamente por liberar o gênio criativo dos colaboradores, passa a ganhar forças nesse cenário, uma vez que, a empresa passa a valorizar o espírito empreendedor, estimulando as pessoas a concretizarem suas idéias, através do patrocínio e liberdade de ação para agir.

    Este termo, intra-empreendedorismo foi introduzido pelo Consultor Canadense Gifford Pinchot1, para designar os profissionais que, nas empresas, assumem o papel de agentes de mudanças.

    Pode ser considerado um sistema revolucionário para acelerar o processo de inovação, através do melhor uso dos talentos empreendedores. Trata-se, segundo Pinchot (1985), de um método que tem como objetivo fomentar a criação de empreendedores dentro da empresa. O autor compara o indivíduo que, ao invés de tomar a iniciativa de abrir o seu próprio negócio, opta por criar, inovar e buscar novas oportunidades e negócios para organização na qual trabalha. É o empreendedor dentro da própria empresa, que tem a habilidade de manter naturalmente a inovação sistemática no negócio, diferenciando-o e mantendo-o competitivo no mercado.

¹ PINCHOT (1865- 1946) – Consultor Canadense conhecido pela reforma da Gestão e Desenvolvimento de Florestas nos Estados Unidos.

    Logo, espera-se a formação de pessoas que vivam detalhadamente suas metas, que assumam responsabilidade pessoal de implementar novas idéias e transformá-las em sucesso comercial.

    Apresentada as diferenças entre empreendedorismo e intra-empreendedorismo, chamo atenção para as características, comportamentos e atitudes que até aqui definiram tais personalidades.

    Com a finalidade de identificar quais características do comportamento empreendedor são freqüentemente apresentadas em indivíduos com elevado desempenho profissionais, McClelland (1972, apud LOPEZ, 2005) concentrou seus estudos em três dimensões: Realização, Planejamento e Poder.

    Estas três dimensões devem ser o foco de reflexão para uma nova tendência comportamental aos profissionais de treinamento e desenvolvimento:

  1. Realização – este campo compõe-se da busca de oportunidades e iniciativas; persistência; assumir riscos calculados; exigência de qualidade, eficiência e comprimento.
    Essa dimensão está relacionada à disposição do indivíduo na realização das tarefas, às novas formas encontradas de fazer as coisas – de forma mais rápida e com um menor custo, a busca por novos produtos e expansão dos negócios. Refere-se à preocupação constante com a alta qualidade e eficiência. Lopez (2005) analisa os riscos envolvidos nos negócios, calculando os resultados esperados, buscando as melhores as alternativas para alcançar os objetivos desejados.

         Cabe ao profissional de treinamento e desenvolvimento incorporar tais características de forma que, durante a realização de suas tarefas sejam agentes propulsores de realização, ou seja, encarar suas atividades com foco na qualidade e eficiência.

        Segundo Chiavenato (1994), treinar é “o ato intencional de fornecer os meios para proporcionar a aprendizagem.” Definição esta, que contribui para a importância do papel do profissional de treinamento e desenvolvimento, relacionada à primeira dimensão aqui descrita.

  2. Planejamento – engloba o estabelecimento de metas, a busca de informação, o planejamento e o monitoramento sistemático.
    Essa dimensão busca organizar e gerenciar os negócios, definindo objetivos e metas, buscando informações de clientes, concorrentes e fornecedores (LOPEZ, 2005, p.30). Dessa forma, o conhecimento do indivíduo a cerca do empreendimento aumenta, contribuindo para que a empresa consiga se manter mais tempo no mercado.

        A responsabilidade do planejamento ao profissional de treinamento e desenvolvimento não pode limitar-se apenas na busca sobre o conteúdo abordado, apresentado ou discurso que realizará.

        Como afirma o autor Depieri (2005), esta dimensão engloba metas e também o monitoramento deste planejamento estabelecido.

        Entende-se que planejar o treinamento é definir o seu objetivo e a abordagem necessária para a sua realização. O planejamento segue o processo do diagnóstico das necessidades do treinamento, este deve ser realizado seguindo os princípios da organização.

        Para o pesquisador Marras (2001), “o planejamento de treinamento é o elo entre políticas, diretrizes e ações formais e informais que regem as relações organizacionais”.

    A autoconfiança, a responsabilidade dos empreendedores diante dos riscos enfrentados no negócio e a autonomia nas decisões são características que auxiliam o empreendedor a mobilizar as pessoas em prol da conquista dos objetivos esperados. Para David (2004), “os empreendedores são otimistas e criativos e, desta forma, obtêm a confiança e o apoio das pessoas com as quais mantêm relações comerciais”.

     

    Nesta dimensão, quando o autor aborda a questão de influenciar os resultados em benefício próprio, podemos entender e também transmitir esse benefício à organização. Um dos atributos dos profissionais de treinamento e desenvolvimento é o de focar suas tarefas baseadas em resultados macro, aqueles estrategicamente desenhados pela empresa. Consecutivamente, ao atingir tais resultados, estes profissionais serão também reconhecidos através de seus conhecimentos, habilidades e atitudes.

     

    Ao analisarmos o comportamento do empreendedor e do intra-empreendedor, podemos identificar uma série de características que refletem diretamente nas exigências que o mercado de treinamento e desenvolvimento busca de seus profissionais.

     

    Limitações às tarefas de pesquisa, desenvolvimento e execução não são mais resultados esperados destes profissionais. O objetivo é que estes sejam vistos exatamente como agentes de mudanças. Por este motivo, compreender, considerar e apropriar-se de atitudes empreendedoras hoje se torna uma competência estratégica ao profissional de treinamento e desenvolvimento.

  3. Poder – este conjunto compreende a persuasão e redes de contato, a independência e autoconfiança. Refere-se “a capacidade do empreendedor de influenciar os resultados em beneficio próprio” (LOPEZ, 2005, p.33).
    A autoconfiança, a responsabilidade dos empreendedores diante dos riscos enfrentados no negócio e a autonomia nas decisões são características que auxiliam o empreendedor a mobilizar as pessoas em prol da conquista dos objetivos esperados. Para David (2004), “os empreendedores são otimistas e criativos e, desta forma, obtêm a confiança e o apoio das pessoas com as quais mantêm relações comerciais”.

        Nesta dimensão, quando o autor aborda a questão de influenciar os resultados em benefício próprio, podemos entender e também transmitir esse benefício à organização. Um dos atributos dos profissionais de treinamento e desenvolvimento é o de focar suas tarefas baseadas em resultados macro, aqueles estrategicamente desenhados pela empresa. Consecutivamente, ao atingir tais resultados, estes profissionais serão também reconhecidos através de seus conhecimentos, habilidades e atitudes.

        Ao analisarmos o comportamento do empreendedor e do intra-empreendedor, podemos identificar uma série de características que refletem diretamente nas exigências que o mercado de treinamento e desenvolvimento busca de seus profissionais.

        Limitações às tarefas de pesquisa, desenvolvimento e execução não são mais resultados esperados destes profissionais. O objetivo é que estes sejam vistos exatamente como agentes de mudanças. Por este motivo, compreender, considerar e apropriar-se de atitudes empreendedoras hoje se torna uma competência estratégica ao profissional de treinamento e desenvolvimento.



Referências Bibliográficas

BARRETO, L. P. Educação para o empreendedorismo. Salvador: Escola de Administração de Empresas da Universidade Católica de Salvador, 1998.

CHIAVENATO, I. Gerenciando Pessoas. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994.

DAVID, D. E. H. Intra-Empreendedorismo Social: Perspectivas para o Desenvolvimento Social nas Organizações. Tese de doutorado – Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis, 2004.

DEPIERI, C. C. L. Atitude Empreendedora e Cultura: Um estudo em organizações brasileiras. 2005. 102 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade de Brasília.

DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor. São Paulo: Pioneira, 1987.

LOPEZ JR., G. S. Atitude Empreendedora em Proprietários-Gerentes de Pequenas Empresas de varejo. Construção de um Instrumento de Medida. Dissertação (Mestrado em Administração)- faculdade de Administração, Universidade de Brasília, 2005.

MARRAS, J. P. Administração de Recursos Humanos: Do Operacional ao Estratégico. 4. ed. São Paulo: Futura, 2001.

PINCHOT, G. Intrapreneuring: Harper and Row. New York, 1985.

Paula Souza

Com grande Know-how no mercado de desenvolvimento humano, está há mais de 22 anos entregando soluções para a capacitação de pessoas e organizações no Brasil e países como os Estados Unidos, México e Uruguai. Com formações em Gestão de Pessoas, Psicodrama, Business and Executive Coaching, PNL, Leader Coach, Analista Comportamental, Coach de Carreira e Consultora 360º teve a oportunidade de entregar grandes projetos a referentes empresas multinacionais.

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